Day 4 of the Revolutionary Music Experiment at Flabbergasted Vibes
Morte e Vida Severina
João Cabral de Melo Neto
with music by Chico Buarque
Presented and performed by T.U.C.A
(Teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo)
Recorded in 1965, released in Philips in 1966, (P 632 900) MONO
Vinyl -> Pro-Ject RM-5SE turntable (with Sumiko Blue Point 2 cartridge, Speedbox power supply) > Creek Audio OBH-15 -> M-Audio Audiophile 2496 Soundcard -> Adobe Audition 3.0 at 24-bits 96khz -> Click Repair light settings -> dithered and resampled using iZotope RX Advanced
Unfortunately I deposited this album in The Vault on a recent trip to my Kayman Islands tax and fallout shelter, and apparently neglected to photograph the front and back covers. This is a shame, as scouring the internet turned up nothing but a few low-resolution thumbnails. Anyone with something better please contact me. If I’m not mistaken the back cover mostly had a little biographical information on João Cabral and Chico and then a review of the theatrical performance from a newspaper.
This record is an important historical document, a recording of a theatrical piece performed by T.U.C.A. that sprung from a collaboration between Pernambucan poet João Cabral de Melo Neto and composer/singer Chico Buarque based around a poem Cabral had written ten years previously. But your mileage may vary with the album as a listening experience. If you lack knowledge of the Portuguese language, you are likely to hear a lot of over-acting interspersed with occasional music. If you are a fluent Portuguese speaker, you are likely to hear a lot of over-acting interspersed with occasional music. The crucial part of this is that the text is from one of the most important poets of the modern Portuguese language, João Cabral de Melo Neto. Delving profoundly into the stark inequalities in Brazil’s most unequal region, it is almost as if Josué de Castro’s “Geography of Hunger” was converted into poetry and set to music. It’s suffused with the struggles of landless peasants and retirantes driven from their lands by drought or insufferable labor conditions, with references to the capitol of Recife, of a land dominated by coronelismo and the sugar latifundia through which Brazil secured itself a place in the world system on the backs of slave labor. I am no literary critic, and too much has been written about João Cabral de Melo Neto for me to say anything that wouldn’t make me look stupid.
I wish I could tell you more about the record itself, since that’s what is really under discussion here. I can tell you that Chico Buarque only composed two pieces of music, one of which “Funeral de um lavrador” is an eternal classic and has been recorded by a number of people, Nara Leão probably most famously. Only at the beginning of his recording career, being asked by a poet of João Cabral de Melo Neto’ stature to collaborate was an honor that can’t be overstated. However, Chico does not play or sing anywhere on this record, and his name likely appears in such large letters in order to sell units. As the various reports I pulled together from some web research will show, this theatre piece was received by the public as a huge success and taken to Europe were it also received critical acclaim. It is somewhat incredible that this could happen in the midst of Brazil’s repressive military dictatorship, but the ball got rolling before the regime passed Institutional Act No.5, after which the repression became much more repressive. In fact during my skimming of rocks on the waves of the interwebs, I was surprised to find a photo of none other than the screaming-banshee known as Elba Ramalho, on the set of a production of Morte e Vida Severino from 1972 or 1973, which would have put them right in the middle of the worst, most violent years of the “anos do chumbo” during the Medíci regime. It is probably testament to the fact that João Cabral and Chico were such “respected” literary figures that the production was able to continue. It’s worth noting that Chico, while being a very frequent target for censorship by the military regime, was from a powerful literary family himself and was never kicked out of the country like some of his contemporaries, although he did “self-exile” himself to Europe in solidarity.
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(João Cabral de Melo Neto – Airton Barbosa)
2. Severino – O rio
(J.C. de Melo Neto – Airton Barbosa)
• Notícias do Alto Sertão (Airton Barbosa-J.C. de Melo Neto)
3. Mulher na janela
(J.C. de Melo Neto – Airton Barbosa – Chico Buarque)
4. Homens de pedra
(J.C. de Melo Neto – Airton Barbosa)
5. Todo o céu e a terra
(J.C. de Melo Neto – Airton Barbosa)
6. Encontro com o canavial
(J.C. de Melo Neto – Airton Barbosa)
7. Funeral de um lavrador
(J.C. de Melo Neto – Chico Buarque)
8. Chegada ao Recife
(J.C. de Melo Neto – Airton Barbosa)
9. As ciganas
(J.C. de Melo Neto – Airton Barbosa)
10. Despedida do agreste
(J.C. de Melo Neto – Airton Barbosa)
11. O outro Recife
(J.C. de Melo Neto – Airton Barbosa)
12. Fala do Mestre Carpina
(J.C. de Melo Neto – Airton Barbosa)
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I – Caminho ou Fuga da Morte
1. (Monólogo) – O retirante explica ao leitor quem é e a que vai.
2.(Diálogo) – Encontra dois homens carregando um defunto numa rede, aos gritos de: “ó irmãos das almas! irmãos das almas! não fui eu que matei não!”
3. (Monólogo) – O retirante tem medo de se extraviar porque seu guia, o rio Capibaribe, cortou com o verão.
4. (Diálogo) – Na casa a que o retirante chega estão cantando excelências para um defunto, enquanto um homem, do lado de fora, vai parodiando as palavras dos cantadores.
5. (Monólogo) – Cansado da viagem o retirante pensa interrompê-la por uns instantes e procurar trabalho ali onde se encontra.
6. (Diálogo) – Dirige-se à mulher na janela que depois descobre tratar-se de quem se saberá.
7. (Monólogo) – O retirante chega à Zona da Mata , que o faz pensar, outra vez, em interromper a viagem.
8. (Diálogo) – Assiste ao enterro de um trabalhador de eito e ouve o que dizem do morto os amigos que o levaram ao cemitério.
9. (Monólogo) – O retirante resolve apressar os passos para chegar logo ao Recife.
10. (Diálogo) – Chegando ao Recife, o retirante senta-se para descansar ao pé de um muro alto e caiado e ouve, sem ser notado, a conversa de dois coveiros.
11. (Monólogo) – O retirante aproxima-se de um dos cais do Capibaribe.
12. (Diálogo) – Aproxima-se do retirante o morador de um dos mocambos que existem entre o cais e a água do rio.
II – O Presépio ou O Encontro com a Vida
13. (Presépio) – Uma mulher, da porta de onde saiu o homem, anuncia-lhe o que se verá.
14. (Presépio) – Aparecem e se aproximam, da casa do homem, vizinhos, amigos,
duas ciganas, etc.
15. (Presépio) – Começam a chegar pessoas trazendo presentes para o recém-nascido.
16. (Presépio) – Falam as duas ciganas que haviam aparecido com os vizinhos.
17. (Presépio) – Falam os vizinhos, amigos, pessoas que vieram com presentes, etc.
18. (Conclusão da Peça) – O carpina fala com o retirante que esteve de fora, sem tomar parte em nada.
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Gravação ao vivo do espetáculo “Morte e Vida Severina” – Auto de Natal Pernambucano – texto do poeta João Cabral de Melo Neto, encenado pelo elenco do Teatro da Universidade Católica de São Paulo, o TUCA. Foi consagrado no Festival Mundial de Teatro de Nancy (França, 1966), e recebida como revolucionária produção estética. É muito comum blogs musicais confundirem este disco com o álbum “MORTE E VIDA SEVERINA” (Airton Barbosa, Marcus Pereira-1977), trilha sonora do filme “Morte e Vida Severina” (direção de Zelito Viana, Embrafilme-1977).
O texto é escrito em 1955, sob encomenda de Maria Clara Machado, que não ousa encená-lo naquele momento. O poema ganha alta estatura no panorama da literatura brasileira, tendo o crítico Décio de Almeida Prado, na crítica ao espetáculo, afirmado que o poema “tende a tornar-se rapidamente para o nosso século aquilo que O Navio Negreiro foi para o século dezenove”.
A escolha do texto pelo TUCA, com o intuito de realizar um trabalho mobilizatório, com a coordenação cultural de Roberto Freire, atende a um duplo objetivo: um texto de alta qualidade artística aliado a um tema que permita que sejam explorados seus aspectos sociais. Na fábula, o retirante Severino desce o rio Capibaribe em busca do mar e da cidade do Recife, cruzando, em seu percurso, com diversas paisagens marcadas pela morte e a miséria. Ao chegar à cidade, nos manguezais periféricos, assiste a um parto, onde a vizinhança traz seus presentes ao bebê, novas demonstrações da pobreza, rebatida pelo pai da criança com a única esperança: o próprio ato de nascer um novo ser humano.
A precariedade material é assumida pela concepção da encenação, assinada por Silnei Siqueira, e pela cenografia de José Ferrara. A construção da cena parte do trabalho dos atores: com movimentos ondulantes de braços, imitam o canavial batido pelo vento; dois atores, com os braços abertos, figuram a casa e a janela onde a personagem dialoga; procissões, levando redes e ferramentas de trabalho, cruzam todo o tempo o espaço cênico – um pequeno praticável sinuoso recoberto com sacos de estopa. A iluminação tira partido das sombras, projetadas no ciclorama. Muito do encanto da montagem provém da música de Chico Buarque, que ressalta a dureza dos versos do autor ou a pulsação rítmica e melódica com que estão construídos.
Após bem-sucedida carreira em São Paulo e outras cidades, o espetáculo parte para a França, em 1966, obtendo o primeiro lugar no Festival de Nancy. A encenação recebe verdadeira aclamação, deslocando-se em seguida para o Théâtre des Nations, Paris, estendendo-se por mais 50 dias. Porto e Lisboa, em Portugal, são igualmente visitadas, aumentando o prestígio do espetáculo e do grupo realizador, que é convidado a encenar outro espetáculo para o Festival, resultando em O&A, mimodrama de Roberto Freire, apresentado no ano seguinte.
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O Teatro Universitário e “Morte e Vida Severina”
Em abril de 1965, cartazes espalhados pelo campus da PUC anunciavam: “O TUCA vem aí”. E a idéia de teatro universitário com função conscientizadora foi assumida pelo Departamento Cultural do Diretório Central dos Estudantes, que fez três contratações: Roberto Freire seria o diretor-geral do grupo de teatro, Silnei Siqueira, vindo da Record, seria diretor de atores e José Armando Ferrara responderia pela cenografia.
Depois de um contrato de liberação de verba com a Secretaria de Estado, estava formado o Teatro dos Universitários da Católica. Foram feitos testes para a seleção de atores e o texto “Morte e Vida Severina”, de João Cabral de Melo Neto, foi escolhido. Ele reunia muitas razões a seu favor: seu autor era brasileiro, tratava de um tema da realidade social, ia ao encontro da ideologia estudantil e poderia congregar um grande número de atores.
A montagem da peça envolveu vários setores da universidade. Alunos de Geografia, Direito, Letras e Psicologia, por exemplo, contribuíram substancialmente com seus conhecimentos em cada uma das áreas. O espetáculo foi musicado por Chico Buarque, que na época era estudante da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP e participava com freqüência dos ensaios do TUCA.
No dia 11 de setembro de 1965, o Auditório Tibiriçá foi inaugurado com a estréia de “Morte e Vida Severina”. Aplaudido de pé durante 10 minutos, reverenciado pelo público e pela crítica especializada, seria o grupo que emprestaria, a partir de então, seu nome ao teatro.
Os Limites da Censura
As idéias de renovação da cultura iriam chocar-se com as barreiras estabelecidas a partir de 1968. Com a declaração do Ato Institucional Nº 5, a repressão atingiu seu patamar mais alto, que se manteria até por volta de 1975.
A cassação dos direitos políticos, a censura e o exílio de grande número de intelectuais, foram fatores que interferiram na produção artística e cultural. Os teatros universitários eram prejudicados também pela desagregação do Movimento Estudantil.
Entre 1969 e 1974, o espaço voltou-se à apresentação de trabalhos de artistas de alto nível, que contribuíram para a educação e para a abertura de novos caminhos no campo artístico. Espetáculos musicais e teatrais expressivos fizeram parte da programação do Teatro, levando ao palco artistas como Elis Regina, Caetano Veloso, Chico Buarque, Vinícius de Moraes, Gianfrancesco Guarnieri e Fernanda Montenegro, que em muitas ocasiões enfrentaram a censura.
Entre 1977 e 1984, a programação organizada pelo Instituto de Estudos Especiais, fez com que o Teatro fosse lembrado também por seu alto significado político. Era um palco privilegiado para simpósios, encontros, debates e atos públicos. Nele, o debate sempre foi possível, as idéias expressas claramente, assegurando às palavras sua força de resistência.
taken from
http://www.teatrotuca.com.br/historia2.html
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Esta cova grande em que estás com palmos medida/É a conta menor que tiraste em vida/É de bom tamanho nem largo nem fundo/É a parte que te cabe neste latifúndio”. Este é um dos trechos mais famosos do poema Funeral de um lavrador, da peça Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. Em homenagem aos 40 anos de estréia dessa peça, o Tuca, teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), faz uma apresentação especial gratuita do espetáculo, no dia 22 de setembro. As comemorações também contam com exposições, vídeos e uma instalação virtual.
“Esta cova grande em que estás com palmos medida/É a conta menor que tiraste em vida/É de bom tamanho nem largo nem fundo/É a parte que te cabe neste latifúndio”. Este é um dos trechos mais famosos do poema Funeral de um lavrador, da peça Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo Neto. Em homenagem aos 40 anos de estréia dessa peça, o Tuca, teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), faz uma apresentação especial gratuita do espetáculo, no dia 22 de setembro. As comemorações também contam com exposições, vídeos e uma instalação virtual.
Musicada pelo cantor e compositor Chico Buarque de Holanda, a premiada peça foi encenada pela primeira vez em 11 de setembro de 1965, no próprio Tuca. Foi um enorme sucesso na época, o público aplaudiu de pé a história da viagem do retirante nordestino Severino que abandona o sertão em direção ao Recife, em busca de melhores condições de vida. A estréia marcou um efervescente momento histórico, político e cultural do país, no qual a arte foi usada como instrumento de manifestação política contra a repressão iniciada no golpe militar do ano anterior.
“A peça fez com que o estudante universitário acordasse para a sua participação cultural e encontrasse no teatro um veículo de comunicação veemente e interativo. Ele é tão persuasivo que continua até hoje”, diz a professora Lucrecia D’Alessio Ferrara, da PUC-SP, doutora em Literatura, que participou da montagem da peça na época. Segundo ela, Morte e Vida Severina despertou o estudante universitário para a poesia de João Cabral de Melo Neto, que passou a fazer parte do currículo do ensino médio e dos vestibulares.
Na época, para colocar o projeto em prática, o Diretório Central dos Estudantes (DCE) da PUC-SP convidou o psiquiatra e escritor Roberto Freire (diretor-geral do grupo), Silnei Siqueira (diretor de atores) e José Armando Ferrara (cenógrafo). O espetáculo só foi possível, porque contou com o apoio financeiro de muitos estudantes e artistas. Chico Buarque, na época cursando a Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, chegou a vender seu fusca velho, apelidado de Clóvis, para investir no espetáculo. Roberto Freire rifou a linha telefônica e o artista plástico Aldemir Martins doou seus quadros. Foi até criado um diploma simbólico, pelo publicitário Carlito Maia, chamado “Ordem do Tucano”, para distinguir aqueles que colaboravam. Ao final das apresentações, havia “canjas musicais” com grandes nomes como Elis Regina, Dorival Caymmi e Geraldo Vandré.
A peça foi apresentada em várias regiões do país. A repercussão junto ao público e à crítica foi tão grande que o espetáculo viajou para a França, onde recebeu o prêmio do 4º Festival Universitário em Nancy, em maio de 1966. Morte e Vida Severina excursionou também pelas cidades de Lisboa, Coimbra e Porto, em Portugal. Na volta da turnê internacional, o grupo teatral foi recebido no aeroporto de Congonhas por muitos estudantes e seguiu em carro aberto para o Tuca.
“Com o endurecimento do regime militar, aos poucos o grupo acabou se dispersando. O teatro universitário não deslanchou para a sociedade brasileira, os movimentos de valorização à cultura popular foram dissipados pela ditadura e desde então a PUC-SP não teve um projeto cultural daquela envergadura”, diz o professor de teologia e jornalismo dessa universidade, Jorge Cláudio Ribeiro, responsável pela pesquisa e elaboração do site em homenagem aos 40 anos.
João Cabral de Melo Neto, with what appears to be a Photoshopped pair of eyeglasses propped up against his chin…
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